O que eleva o espírito ajudando o ser encarnado é a consciência do dever cumprido e a prática do bem, para si próprio e para aqueles, seus iguais, a quem muitas vezes querem mal. By Isabel Candeias.

Após serrar a madeira, é estupidez serrar serradura - Por Francisco da Cruz Évora

Nem todos os factos que ocasionamos no passado são dignos de aplauso e de bom orgulho. Na bagagem fluídica cada qual tem o bom e o mau, de sua própria lavra. Todavia, não podemos voltar ao passado, para nele substituir os maus feitos por bons feitos. No presente, sim, podemos aprender a usar as ferramentas espirituais (raciocínio e vontade, nomeadamente) para governar o livre-arbítrio insistentemente para o bem, ao mesmo tempo que consolidamos no âmago mais e mais repugnância à insistência no erro, origem de sofrimentos desnecessários. 

Se a responsabilidade é nossa, temos de suportar humildemente as consequências dos nossos maus pensamentos, sentimentos e procedimentos, diante da insensibilidade da força-lei de causa e efeito, sem jamais esquecer que nada pode destruir o espírito, ou alma espiritual eterna, nem pulverizar os seus tesouros em afloramento e crescimento eternos.

Nesses casos, é preciso analisar os erros cometidos, tirar as lições que eles nos possam dar e, após, esquecê-los, empregando bom senso, coragem e determinação para executar essa pauta.

É grave erro passar o tempo a ruminar e a avolumar erros efetivamente cometidos ou fracassos sofridos. Preocupar-se excessivamente com factos já acontecidos, é como serrar serradura, ou como moer trigo com águas passadas – o que só é possível fazendo mau uso da imaginação, ou pensando desenfreadamente. Ora, quem serra serradura, quem moi trigo com águas passadas, faz mau uso do seu livre-arbítrio ao “serrar”, estupidamente, rugas no rosto e úlceras no estômago.

Muitas pessoas têm o mau hábito de viver excessivamente voltadas para coisas que fizeram ou disseram, e criticando-se severamente, achando que podiam ter feito melhor…

Para quando sofrermos um revês, isto é, para quando apanharmos um daqueles “tapas” da vida que geralmente abatem o ser humano, decidamos intransigentemente imitar o ex-campeão mundial de boxe, Jack Dempsey, quando disse, após perder o título: “vou encaixar este directo aos queixos, sem consentir que ele me derrube!” 

Tornou-se tão ocupado que não dispunha nem de tempo nem de vontade para se preocupar [excessivamente] com o passado.”  Dale Carnegie

Isto, sim, é saber encarar as situações adversas, no plano do pensamento como no plano da acção, aceitando-as como artifícios fantásticos para nos conduzir no processo da evolução, mas de seguida desprendendo-se delas, a fim de concentrar demoradamente a atenção na construção de um futuro melhor, com mais recursos e mais razões para nos sentirmos meritoriamente felizes.

Porque desperdiçamos lágrimas? Não há dúvida de que [pelo mau uso do livre-arbítrio] somos culpados [ou, retrospectivamente responsáveis] de muitos erros e absurdos. Mas quem não foi culpado? Até mesmo Napoleão perdeu um terço das batalhas em que se empenhou.” Dale Carnegie 

Neste degredo que hoje compartilhamos, cumpre-nos no dia-a-dia varrer do espírito os infortúnios, aceitar calmamente as agruras da vida e procurar levá-la o melhor possível, até um dia...

Após serrar a madeira, é estupidez serrar serradura
Por Francisco da Cruz Évora – S. Vicente de Cabo Verde

N. B. – Este apontamento baseia-se no livro de Dale Carnegie agora  intitulado Como Deixar de se Preocupar e Começar a Viver.