“A vida de todo
ser humano é um caminho em direção a si mesmo. [...] Homem algum chegou a ser
completamente ele mesmo; mas todos aspiram sê-lo” (HESSE: 2015: 10).
Foi com essas frases que o escritor alemão Hermann
Hesse (1877-1962) delineou o início de sua narrativa no livro Demian (1919). O
objetivo principal da obra foi tentar buscar o entendimento da expressão mais profunda
do gênero humano na existência terrena: a subjetividade espiritual. Ora, o
caminho em direção a si mesmo só pode ser alcançado ao longo da trajetória
evolutiva (digo mais: quando nos confundirmos com o Grande Foco). As nuances
dessa realização está, inequivocamente, interligada ao processo gradativo de
desenvolvimento espiritual do primado da Força sobre a Matéria.
Sabemos que é passando por diversos reinos da natureza
que à parcela da Inteligência Universal desenvolve-se para patamares cada vez
mais complexos. Sua expressão desdobra-se no planeta Terra, em sua amplitude máxima,
no reino hominal. O atributo da inteligência embora sendo apenas incipiente nos
reinos mineral, vegetal e animal, têm, nessas etapas, a generalização dos
demais atributos espirituais. Sendo alguns exemplos, o raciocínio, o domínio de
próprio, a capacidade de concepção e muitos outros mais.
É nessa
fase evolutiva que o espírito se constitui. Sendo, portanto, responsável pelas
ações praticadas conforme o uso do livre arbítrio. Ademais, é nessa etapa do
desenvolvimento espiritual que o espírito expressa seus atributos em sua
amplitude “máxima”, com mais ou menos intensidade, conforme os limites que o
próprio planeta Terra permite momentaneamente expressar. Pois embora saibamos
que temos a glândula pineal como meio para poder desenvolver a telepatia que,
desde os estudos dos místicos orientais na Antiguidade perpassando pelas observações
feitas na Idade.
Moderna
pelo filósofo Renê Descartes com suas intuições em torno das capacidades
telepáticas do gênero humano, seu desenvolvimento pleno ainda é impossível
devido às circunstâncias terrenas, por imperar no convívio social práticas mais
degeneradas do que virtuosas.
Além disso,
seu uso implicaria a ação orientada para o benefício próprio de muitas pessoas,
o que, por usa vez, desencadearia grandes males para o mundo.
Essa peculiaridade exposta anteriormente, somente pode
ser interpretada à luz da espiritualidade, especificamente, pela diferenciação
evolutiva da longa e lenta evolução espiritual das parcelas da Inteligência
Universal em diversas e sucessivas reencarnações, no planeta de escolaridade denominado
Terra. Pois, como sabemos, não há como entendermos os acontecimentos terrenos
senão estiverem associados aos fenômenos espiritualistas.
Ora, entendemos
muito bem que os seres humanos diferem-se entre si, porém, são similares no que
tange o processo contínuo em busca do aperfeiçoamento dos atributos espirituais.
É
por isso que os espíritos dos mundos densos são incapazes de deterem as mesmas capacidades
se comparados aos espíritos dos mundos intermediários. Isso se explica porque
os primeiros estão percorrendo às suas encarnações iniciais nesse mundo e os segundos
as últimas, e, que por isso, tendem a exteriorizar os instintos materializados
da fase evolutiva precedente – do reino animal – com mais frequência do que os espíritos
de níveis mais elevados.
De modo
contrário, os espíritos dos mundos intermediários poucas vezes irradiam
sentimentos inferiores, por colocarem o raciocínio voltado para a prática do
bem com mais constância. Assim, os mesmos, por controlarem suas emoções,
analisam demoradamente os temas da realidade circundante, pois, usam o livre
arbítrio de maneira mais correta, o que possibilita entrarem em contato com as correntes
do bem com mais frequência. Ressaltadas essas características dos níveis
espirituais e do mundo de escolaridade como é o exemplo do planeta Terra, percebeu
que demorará muito tempo para o esclarecimento da humanidade ocorrer de maneira
integral. Pois ainda impera no mundo, infelizmente, a corrente do mal em
detrimento da do bem. Isso se deve as vibrações que percorrem a atmosfera
fluídica desse mundo, ainda conservarem as consequências dos milênios de
História marcada por guerras, conflitos e intolerâncias; como também, a propagação
dos maus hábitos e costumes que são praticados diuturnamente no meio cotidiano,
causando desprezo a qualquer um que se atém ao estudo da Filosofia Racionalista
Cristã.
Somente
quando nos tornarmos apóstolos do trabalho; pugnarmos pela moralização das
nossas ações em todos os setores da vida; cumprirmos os nossos deveres; aí sim,
será possível nos mantermos ligados harmonicamente com o Astral Superior. Foi
com essa finalidade que o escritor Luiz de Souza dissertou sobre o objetivo da
implementação do Racionalismo Cristão no planeta Terra, ao ter enfatizado que
“o Racionalismo Cristão codificou preceitos da moral espiritualista em moldes
ajustáveis ao viver neste mundo, para que todos possam, ao porem em prática
seus princípios e sua disciplina, triunfar na existência terrena” (SOUZA: 2016:
58).
Evolução,
níveis de espiritualidade e princípios espiritualistas
Por Saulo Pontes
Machado